Pesquisa de aluna do MPIE utiliza Aprendizagem Criativa para sensibilizar sobre prevenção e segurança no trânsito

Um projeto de pesquisa realizado no curso de pós-graduação Mestrado Profissional em Informática na Educação (MPIE) do IFRS - Campus Porto Alegre, que estuda o uso da Aprendizagem Criativa para o desenvolvimento da empatia nas relações humanas, aplicou entre abril e maio deste ano, junto a dois grupos de diferentes faixas etárias - um de adolescentes e outro de idosos -, uma série de atividades que abordaram sobre prevenção e segurança no trânsito, com foco nas principais vítimas por atropelamentos em Porto Alegre.

A pesquisa intitulada “Utilizando a Aprendizagem Criativa para o Desenvolvimento de Relações Humanas mais Empáticas: um Estudo no Âmbito da Educação para Mobilidade”,  desenvolvida pela mestranda Luciana Farias Pereira, orientada pela professora Karen Selbach Borges e sob coorientação do professor André Peres , tem como objetivo principal verificar o potencial da Aprendizagem Criativa como abordagem pedagógica voltado para o desenvolvimento da empatia nas relações humanas. O estudo tem o intuito de avaliar se o uso dos 4 P’s da Aprendizagem Criativa - Projeto, Paixão, Pares e Pensar Brincando - como recurso pedagógico em atividades educativas para o trânsito pode auxiliar no desenvolvimento de relações humanas mais empáticas.

A Aprendizagem Criativa, conceito criado por Mitchel Resnick, trata-se de uma abordagem educacional que tem como objetivo tornar os espaços de aprendizagem mais significativos e que ajudem os jovens a se desenvolverem como pensadores criativos. A partir da espiral de aprendizagem criativa (imaginar, criar, brincar, compartilhar e refletir), Resnick propõe que os jovens sejam estimulados a seguirem suas próprias ideias, testando, refletindo e questionando, até chegarem ao resultado desejado. 

Os participantes da pesquisa realizada por Luciana foram adolescentes, alunos do 9º ano da Escola Estadual de Ensino Fundamental Evarista Flores da Cunha, localizada no bairro Belém Novo, em Porto Alegre, e dois grupos de idosos do Projeto Maturidade Ativa do Serviço Social do Comércio do Rio Grande do Sul (SESC/RS), das unidades SESC Cavalhada e SESC Restinga. Eles foram convidados a participar de um evento, desencadeador das atividades decorrentes, com o objetivo de sensibilizar adolescentes, jovens e idosos sobre prevenção e segurança no trânsito, com foco nas principais vítimas por atropelamentos em Porto Alegre.

A estratégia de abordagem do tema utilizou os recursos dos 4 P’s da Aprendizagem Criativa. Primeiramente, foram aplicados questionários e, após, foram realizadas as atividades para evidenciar o comportamento dos participantes em determinadas situações cotidianas no trânsito e verificar o grau de empatia que desenvolveram ao final do experimento.

A fase de execução do projeto com os grupos iniciou em 13 de abril de 2021 e foi até 04 de maio de 2021. Todo o projeto foi desenvolvido de forma on-line, através da plataforma Google Meet. Os dois grupos participaram juntos de oficinas sobre Envelhecimento Ativo e Educação e Prevenção de Acidentes no Trânsito. Após essas sensibilizações, eles foram desafiados a criar uma campanha educativa que chamasse a atenção de outras pessoas sobre os temas estudados. A partir disso, organizaram-se em dois grupos mistos, e criaram um grupo no aplicativo WhatsApp para a integração e elaboração das tarefas conjuntas.

Num curto período de tempo, eles tiveram de produzir a campanha e postar na rede social Facebook, durante três dias seguidos. O nome do desafio foi Juntos Promovemos Empatia no Trânsito, que deveria ser identificado na postagem em rede com a hashtag #juntospromovemosempatianotrânsito. A equipe vencedora do desafio seria aquela que gerasse o maior número de compartilhamentos, curtidas e comentários.

Quem venceu o desafio foi a equipe denominada O único sentido do trânsito é a vida, que fez várias postagens no Facebook, conforme solicitado e, além disso, criou página no Instagram com o mesmo nome da equipe. Porém, Luciana considerou que todos foram vencedores. "Embora tenha sido dito que somente a equipe vencedora receberia medalhas, eu desde o início entendi que todos eram merecedores da recompensa. Fizeram um trabalho lindo e dedicado, por isso todos foram contemplados com a medalha e vão receber atestado de participação", comenta ela.

Como Luciana trabalha como agente de fiscalização de trânsito da Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC), de Porto Alegre, atuando no setor de Educação para Mobilidade da instituição, foi assim que surgiu a ideia para sua pesquisa no mestrado. "Como eu trabalho com educação e prevenção no trânsito, na EPTC, sei que as principais vítimas de atropelamentos em Porto Alegre são os pedestres idosos. E desde 2016 estou à frente de um projeto na empresa que se chama Pedestre Idoso, o qual visa a reduzir os índices de lesões e mortes no trânsito. De lá para cá fiquei muito sensibilizada com esse público que só tende a crescer no país e a maioria das pessoas não dá atenção e nem se preocupa com as pessoas idosas, por preconceito. Então decidi fazer o mestrado para incentivar a educação para a mobilidade nas escolas, tendo o foco nesse perfil de usuário das vias", explica a acadêmica.

A parceria com a Escola Estadual Evarista Cunha surgiu em razão da proximidade com o bairro onde Luciana mora, na zona sul de Porto Alegre, e por ela saber do histórico de participações da escola em projetos educativos. Já a parceria com o SESC/RS veio de outras ações que ela já havia realizado junto à entidade. "Eu já havia trabalhado com palestras e outras atividades com os grupos de idosos do SESC, em razão do meu trabalho profissional. Percebi neles um potencial ativo para se engajar com os alunos e mudar o estereotipo da pessoa idosa", salienta.